quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Ideologia de Gênero... Marta Rovai - SP

*Ideologia de Gênero...?!*


"Bora lá entender um pouco dessa tal de "ideologia de gênero".

1. Karl Marx era um alemão que viveu no século XIX. NUNCA tratou da questão de gênero, porque sua preocupação estava em discutir as relações de exploração no capitalismo. Definia a ideia de ideologia no sentido de que as classes dominantes criavam formas de entender o mundo para convencer os dominados de que a desigualdade entre classes era natural.
2. As questões de gênero NÃO foram postas pelo comunismo e não foram centrais em NENHUM país que se disse socialista ou em grupos de esquerda. Esta é uma problemática trazida pelas mulheres, inclusive em crítica ao marxismo.
3. Simone de Beauvoir foi uma existencialista que viveu no século XX. NÃO era marxista e não acreditava que o socialismo resolveria as questões entre homens e mulheres. NÃO usou o conceito de gênero, mas dizia que vivíamos numa sociedade em que homens submetiam mulheres e em que se naturalizava a desigualdade.
4. Quem utilizou o termo ideologia de gênero foi Heleieth Saffiotti, uma socióloga brasileira que dizia que na sociedade patriarcal os homens desenvolviam a ideologia, no sentido marxista, para que as mulheres acreditassem que a desigualdade (NÃO A diferença) de gênero era natural . Esta ideia NÃO TEM NADA a ver com a suposta ideologia de gênero dos defensores do programa Escola Sem Partido.
5. Judith Butler, que NÃO É marxista e também NUNCA usou o termo ideologia de gênero tem como preocupação a ideia de que não somos substâncias e que nossas diferenças e desigualdades são construções sócio-culturais.
PORTANTO, Marx nunca discutiu gênero. Beauvoir e Butler não são marxistas e nem usam o termo ideologia. Marx e Butler NADA TÊM A VER.
O termo ideologia de gênero de Saffiotti NADA tem a ver com a discussão do Escola Sem Partido.
IDEOLOGIA DE GÊNERO NÃO EXISTE.
Só quem já entrou em sala de aula sabe que não são aulas que convencerão alunos de qualquer coisa. Alunos nos questionam o tempo todo.
Em 30 anos como professora GARANTO que a grande maioria dos meus alunos não se tornou homossexual ou comunista por discutir o tema. Não é assim que as coisas funcionam...
Mas, COM CERTEZA, por discutir estes temas é que a grande maioria deles sabe respeitar aqueles que são diferentes." 
Por Marta Rovai 
(Profa de História da UNIFAL MG)"


Por Marta Rovai 
(Profa de História da UNIFAL MG)"


domingo, 15 de outubro de 2017

Carta Sobre Os Professores * Antonio Figueiredo - RJ

Carta Sobre os Professores
*
 Só tenho condições de expressar minha gratidão aos professores/professoras que tive (e ainda tenho) graças à dona Laide, minha primeira mestra. 

Cabe dizer que minha mãe, Jovelina, me ensinou muito, mas escrevo aqui sobre mestres e mestras dos bancos escolares, das faculdades e de inúmeros amigo(a)s-professore(a)s que tive a sorte de conhecer até aqui. 

Sou muito grato a todo(a)s que, apesar das inúmeras dificuldades, não desistem desse nobre ofício. Pessoas especiais que, mesmo desvalorizados e humilhados, encontram força para seguir educando.

Agradecer, no entanto, é muito pouco. É imprescindível cobrar dos gestores da educação brasileira a verdadeira valorização da carreira. 

Precisamos denunciar o “esquemão” de todas as esferas de governos (federal, estadual e municipal), com a “parceria” de grupos financeiros que só vislumbram lucro, de acabar com o ensino público no Brasil.

Por fim, que seja um dia de reflexão do nosso papel de eternos alunos, ou seja, de apoiá-los e lutarmos juntos com essa classe! 

Viva o (a)s professore(a)s!


Antônio de Pádua de Figueiredo
 

Niterói - Rj 15 de outubro de 2017
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terça-feira, 12 de setembro de 2017

ALJAZERA CONTRA GLOBO * Henrique Mann

 Importante documentário/denuncia da ALJAZEERA contra a Globo
https://ocafezinho.com/2017/09/11/o-video-da-al-jazeera-que-denuncia-o-papel-da-globo-no-golpe-com-legendas/
12/09/17, 

Organização

Se você ainda não sabe o que são “think tanks”, Atlas Network, Fórum da Liberdade, Instituto Millenium, Alejandro Chafuen e Irmãos Koch, com certeza ainda não entendeu bem o que está ocorrendo no Brasil e no mundo, nem sabe que as forças de ataque da extrema direita são muito maiores e mais organizadas do que você pensa, infinitamente mais do que MBL, Bolsonaro ou Aécio. Mas sempre que um boçal te atacar com mantras de que “o comunismo matou mais gente que o capitalismo”, “vai pra Cuba” ou simplesmente desatar a colar memes e escrever palavrões na internet, isto tem relação direta com todos os inicialmente citados. Eles promovem concursos com boas premiações em dinheiro para que seus membros produzam memes ou vídeos para o youtube que "viralizem", atacando seus adversários. Este pessoal faz até cursos com o americano James O’Keefe, especialista neste tipo de coisa.

Vou tentar resumir: a Atlas Reserch Economic Fundation ou Atlas Network é uma instituição norte-americana financiada majoritariamente pelos magnatas do petróleo David e Charles Koch, com apoio de centenas de mega empresas mundiais que vão da Philip Morris à Mastercad, chegando à Gerdau, à Fiergs e à Fiesp no Brasil. Atingem o planeta todo atualmente. São defensores das ideias de Hayek, Von Mises e da ultra reacionária maluca Ayn Rand, que escreveu em 1957 o livro “A revolta de Atlas”, em que defendeu a ideia de que o mundo pertence e é sustentado pelos ricos e que sem eles o planeta cairia no caos. Daí o nome da Fundação Atlas.

Esta “entidade” surgiu nos anos 1980 do consórcio entre o inglês Antony Fischer (fundador da IEA) e o americano Leonard Read (da FEE), donos de fundações cujo propósito era vender propaganda ideológica de direita para grandes empresas. Assim nasceu a Atlas, juntando os dois ativistas e financiados pelos Koch, com a adesão de várias outras empresas. Em 1991, com a morte de Fischer, a Atlas foi assumida pelo argentino-americano Alejandro Chafuen, cria mais que reacionária da Atlas, gestado, treinado e educado pelo golpe militar argentino. Este é o indivíduo que está pessoalmente por trás do MBL, por exemplo. E do Millenium, e do EPL, e do Ilisp...aqui no Brasil...mas também da Fundação Eléutera, em Honduras ou da Fundação Pensar, da Argentina.

São as “think tanks” (em uma tradução livre seria “entidades formadoras de opinião”). No Brasil são mais de 30 mantidas e financiadas pela Atlas Network e sua turma. Eles bancam desde "robôs de compartilhamento automático e spam" até os mais boçais serviçais de perfis fakes no varejo da internet, sob a batuta de "intelectuais ideólogos". Vejamos o que dizem alguns destes “ideólogos”: o gaúcho Fernando Schüller, que andou por vários partidos, inclusive à esquerda, é, agora, do Millenium e diz que o “sucesso do MBL deve-se ao fato de não ter identificação com partidos” (?!) e que “a única forma de reformar radicalmente a sociedade e reverter o apoio popular ao Estado de bem-estar social é travar uma guerra cultural permanente para confrontar os intelectuais e a mídia de esquerda”.

Bem, nada de espantar, já que o chefe dele no Millenium, Rodrigo Constantino, enxerga conspiração de esquerda até na inserção de algo da cor vermelha na logomarca da Copa do Mundo e é o criador do termo “esquerda caviar”. Olavo de Carvalho e suas pataquadas "intelectuais" é um dos "elos fortes da corrente". Também a maçonaria, infelizmente.

Outra peça rara nesta engrenagem é Helio Beltrão, sim, ele mesmo, largou tudo para administrar uma destas “think tanks”: o “Instituto Mises” (tão citado pelos Bolsonaros). Por isto não é de admirar que Schüller declare que por ele “privatizaria toda a previdência e a educação no Brasil” e que "o único caminho para atingir esta meta é ter muitas “think tanks” no Brasil financiadas por empresas". Você entendeu agora?

Para concluir a história da Atlas e sua relação com o Brasil e os agressivos boçais da internet, acrescento que até a explosão mundial da web nos anos 1990, estas “think tanks” não tinham tanta força. Mas foi através dela (internet) que ganharam esta magnitude. Seus veículos principais são o Youtube, o Facebook, Whatsapp, Instagram... eles têm os blogs (Antagonista e Cia) como base, mais que a imprensa tradicional, pois descobriram que pouca gente lê; e que é mais fácil atacar por memes e pequenos vídeos; e que a esquerda não sabe nada destas coisas e nem dá valor a isto, pelo menos não de forma organizada (creio que por pura soberba e desinformação).

E aí você entende exatamente qual o papel de cada um nesta história toda, inclusive o seu próprio. É só você procurar que encontra. O time da ultra direita já está “esquematizado” e ganhando de goleada, nas palavras do próprio Helio Beltrão: “É como um time de futebol: a defesa é a academia, e os políticos são os atacantes. E já marcamos alguns gols”, diz Beltrão, referindo-se ao impeachment de Dilma. O meio de campo seria “o pessoal da cultura”, aqueles que formam a opinião pública.

E aí? Já achou o seu lugar neste “jogo”?

Por Henrique Mann (com informações de Carlos Krebs)

Sandra Mimy Carpi

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Escola Sem Partido: O Que Isso Significa? * Demerval Saviani - SP

“ESCOLA SEM PARTIDO”: O QUE ISSO SIGNIFICA?



Demerval Saviani - SP



No Brasil o atual governo, resultado de um golpe parlamentar, vem tomando várias iniciativas na direção do abastardamento da educação. A par de medidas como cortes no orçamento, destituição e nomeação de membros do Conselho Nacional de Educação sem consulta, um sinal emblemático da intervenção nos próprios conteúdos e na forma de funcionamento do ensino é o movimento denominado “Escola sem partido” que se apresenta na forma de projetos de lei na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e em várias Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais do país.

O referido projeto é chamado por seus críticos de “lei da mordaça”, pois explicita uma série de restrições ao exercício docente negando o princípio da autonomia didática consagrado na legislação e nas normas relativas ao funcionamento do ensino. A motivação dessa ofensiva da direita tem um duplo componente. 

O primeiro é de caráter global e tem a ver com a fase atual do capitalismo que entrou em profunda crise de caráter estrutural, situação em que a classe dominante, não podendo se impor racionalmente precisa recorrer a mecanismos de coerção combinados com iniciativas de persuasão que envolvem o uso maciço dos meios de comunicação e a investida no campo da educação escolar tratada como mercadoria e transformada em instrumento de doutrinação. 

O segundo componente tem a ver com a especificidade da formação social brasileira marcada pela resistência de sua classe dominante sempre resistente em incorporar a população temendo a participação das massas nas decisões políticas. É essa classe dominante que agora, no contexto da crise estrutural do capitalismo, dá vazão ao seu ódio de classe mobilizando uma direita raivosa que se manifesta nos meios de comunicação convencionais, nas redes sociais e nas ruas. Nesse contexto, se aprovado o projeto da escola sem partido todo o ensino, incluída a formação dos professores, estará atrelado a esse processo de destituição da democracia como regime baseado na soberania popular, colocando o país à mercê dos interesses do grande capital e das finanças internacionais. 

Diante desse quadro volto a advogar a resistência ativa que implica dois requisitos: a) que seja coletiva, pois as resistências individuais não têm força para se contrapor ao poder dominante exercido pelo governo ilegítimo e antipopular; b) que seja propositiva, isto é, que seja capaz de apresentar alternativas às medidas do governo e de seus asseclas. 

Nesse processo de resistência contamos com uma teoria pedagógica cujo entendimento das relações entre educação e política é diametralmente oposto àquele esposado pela “escola sem partido”. Trata-se da pedagogia histórico-crítica.

Para a pedagogia histórico-crítica na sociedade de classes, portanto, na nossa sociedade, a educação é sempre um ato político, dada a subordinação real da educação à política. Dessa forma, agir como se a educação fosse isenta de influência política é uma forma eficiente de colocá-la a serviço dos interesses dominantes. E é esse o sentido do programa “escola sem partido” que visa, explicitamente, subtrair a escola do que seus adeptos entendem como “ideologias de esquerda”, da influência dos partidos de esquerda colocando-a sob a influência da ideologia e dos partidos da direita, portanto, a serviço dos interesses dominantes. Ao proclamar a neutralidade da educação, o objetivo a atingir é o de estimular o idealismo dos professores fazendo-os acreditar na autonomia da educação em relação à política, o que os fará atingir o resultado inverso ao que estão buscando: em lugar de, como acreditam, estar preparando seus alunos para atuar de forma autônoma e crítica na sociedade, estarão formando para ajustá-los melhor à ordem existente e aceitar as condições de dominação às quais estão submetidos. Eis por que a proposta da escola sem partido se origina de partidos situados à direita do espectro político com destaque para o PSC (Partido Social Cristão) e PSDB secundados pelo DEM (Democratas), PP (0Partido Popular), PR (Partido da República), PRB (Partido Republicano Brasileiro) e os setores mais conservadores do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro). Como se vê, a “escola sem partido” é a escola dos partidos da direita, os partidos conservadores e reacionários que visam manter o estado de coisas atual com todas as injustiças e desigualdades que caracterizam a forma de sociedade dominante no mundo de hoje.

            Enfim, guiados pela pedagogia histórico-crítica, é imperativo organizar a luta contra as medidas do governo imposto após o golpe que afastou a presidente eleita e especificamente contra as propostas do movimento “escola sem partido” e contra tudo o que ele representa. Nessa fase difícil que estamos atravessando, marcada por retrocesso político com o acirramento da luta de classes lançando mão da estratégia dos golpes parlamentares visando a instalar governos ilegítimos para retomar sem rebuços a agenda neoliberal, derrotada nas urnas, resulta imprescindível combatermos as medidas restritivas dos direitos sociais, entre eles, o direito a uma educação de qualidade, pública e gratuita, acessível a toda a população. Essa foi e continua sendo, agora de forma ainda mais incisiva, a nossa luta. A luta de todos os educadores do Brasil. 



O movimento “Escola sem partido” quer passar a ideia da neutralidade da educação em relação à política. No entanto, as sociedades divididas em classes se caracterizam pelo primado da política, o que faz com que a educação seja sempre um ato político, dada a subordinação real da educação à política. E é esse o caso da sociedade brasileira atual. Nesse contexto, agir como se a educação fosse isenta de influência política é uma forma eficiente de colocá-la a serviço dos interesses dominantes. E é esse o sentido do programa “escola sem partido” que visa, explicitamente, subtrair a escola do que seus adeptos entendem como “ideologias de esquerda”, da influência dos partidos de esquerda colocando-a sob a influência da ideologia e dos partidos da direita, portanto, a serviço dos interesses dominantes. Ao proclamar a neutralidade da educação, o objetivo a atingir é o de estimular o idealismo dos professores fazendo-os acreditar na autonomia da educação em relação à política, o que os fará atingir o resultado inverso ao que estão buscando: em lugar de, como acreditam, estar preparando seus alunos para atuar de forma autônoma e crítica na sociedade, estarão formando para ajustá-los melhor à ordem existente e aceitar as condições de dominação às quais estão submetidos. Eis por que a proposta da escola sem partido se origina de partidos situados à direita do espectro político com destaque para o PSC (Partido Social Cristão) e PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) secundados pelo DEM (Democratas), PP (Partido Popular), PR (Partido da República), PRB (Partido Republicano Brasileiro) e os setores mais conservadores do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro). Como se vê, a “escola sem partido” é a escola dos partidos da direita, os partidos conservadores e reacionários que visam manter o estado de coisas atual com todas as injustiças e desigualdades que caracterizam a forma de sociedade dominante no mundo de hoje.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Cordel Trovado Fora Bolsonazi * José da Silva / Brasil

Cordel Trovado Fora Bolsonazi
José da Silva/Brasil
*

Satanás soltou um peido.
Vejam o que aconteceu. 
Foi um aviso de bosta,
Aí, Bolsonaro nasceu!

O maldito veio ao mundo,
Numa cagada do diabo.
O Belzebu deu um grito:
SAI DESGRAÇA DO MEU RABO!!!!

Foi festa no inferno,
Quando satanás pariu.
Mas porque essa merda,
Veio parar no Brasil???

Chamaram um pastor,
Para o peste batizar.
O padrinho foi um juíz,
O seu nome é Gilmar.

A madrinha uma juíza,
Carmem Lúcia é seu nome!
A megera até parece,
Com um maldito lobisomem!

E o referido pastor,
Tem a cara de CATRAIA!
Vive roubando as ovelhas,
É um tal de MALAFAIA!

Era tanto falso profeta,
Convidados pra festança.
Magno Malta, Feliciano,
E a bancada da matança!

Tinha senador traficante,
Assassinos de paletó!
Moro juíz bandido,
E Aécio , o do PÓ!

Traidores tinham muitos.
Cada um com sua mania!
Tinha o velho safado:
TEMER! Demônio da tasmania!!!

Eu sei que é Tasmânia!
Isso ninguém pode negar!
Escrevi errado!
Pro mode poder rimar!

Agora finalizo.
Tem gente que não gosta!
Me refiro aos seguidores,
Do demônio BOLSOBOSTA!


-AUTOR JOSE DA SILVA.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Companheiros * Zé Dirceu - MG

Fala Zé Dirceu


TEXTO DE JOSÉ DIRCEU

"Companheiros da Disparada e do Balaio, jovens estudantes e alguns já profissionais, visitaram me em Passa Quatro no mês passado e passamos o dia pensando e sonhando com o Brasil e nosso povo, sua história e luta. Impressionado com a vontade política de luta e combate deles com suas vitórias no movimento estudantil, a dedicação ao debate, estudo e a pesquisa, me senti no dever de dialogar com eles expondo minhas angústias e dúvidas e minhas apreensões...

Para onde vamos e como? Eis uma pergunta que insiste em me atormentar nos últimos meses. Mesmo sabendo de minhas limitações políticas e pessoais, ouso responder com outras perguntas e algumas respostas.

Temos forças políticas e sociais para, no curto prazo, retomar o governo e realizar as reformas estruturais que o país demanda para sair da atual crise sem abrir mão da democracia, soberania nacional, projeto nacional e Estado de bem-estar social? E também sem regredir a um passado não muito distante onde o crescimento sempre foi sinônimo de concentração de renda e aumento da pobreza, do autoritarismo e conservadorismo, quando não da violência aberta e “legalizada” do Estado em nome democracia ou da luta contra o comunismo e a corrupção?

Sabemos o que fazer com o país e suas consequências, temos consciência do que são capazes as forças reacionárias e de direita? Aprendemos com a experiência do golpe contra a presidenta Dilma e da perseguição implacável e violenta contra o PT e Lula nos últimos três anos? O país tem condições de manter as políticas públicas sociais e a distribuição de renda sem realizar reformas estruturais como a do sistema bancário e financeiro, a tributária, a política, a do Estado e a sensível e explosiva dos meios de comunicação?

Teremos forças policias organizadas e mobilizadas, maioria parlamentar e hegemonia política na sociedade para realizar tais mudanças ou seremos constrangidos a administrar, para eles, a atual crise mesmo buscando manter determinadas políticas sociais – ao menos aquelas que restarem frente ao desmonte já realizado pelo usurpador?

Que vale a pena e devemos disputar o governo e Lula ser candidato, não resta dúvida. Mas essa não é a questão e sim com qual programa e com que objetivos, para além de resgatar seu legado e a democracia, o pacto constitucional e social rasgado pelos golpistas.

O que estamos fazendo para aumentar o nível político, cultural e de organização de nossas bases sociais e dos trabalhadores? Que mudanças estamos fazendo no PT e nos movimentos onde temos incidência para a nova conjuntura que enfrentamos? Avaliamos que nada mudou no Brasil e que teremos eleições normais em 2018 e o vencedor tomará posse e realizará sua política sem oposição ou teremos e esperamos novas tentativas de golpe e sabotagem aberta como a que levou a queda de Dilma e ao atual desastre econômica e social?

Por que não consolidamos a Frente Brasil Popular e criamos núcleos políticos e sedes, espaços para debates, mobilização, ações culturais e sociais, para ampliar a oposição ao golpe e ao governo Temer, as suas contra reformas e políticas visando retornar o Brasil a um simples país de linha auxiliar da política de Washington?

Como contrabalançar e contra-atacar a ofensiva liberal política, cultural e ideológica, via meios de comunicação? Qual perspectiva que apresentamos para a juventude mobilizada e na luta, para as inúmeras iniciativas de diferentes setores de oposição fora de nosso espaço sindical e social, da CUT, MST, MTST e tantos outros, como o Levante, a Consulta Popular, o Fora do Eixo, as Frentes Democráticas de Juristas e Advogados, as iniciativas culturais e o crescimento do movimento estudantil anti-Temer e Golpe?

O PT no seu recente congresso uniu-se em torno do Fora Temer, Diretas, Lula presidente, mas a realidade é outra: caminha para o fica Temer e eleições em 18. O que fazer?

Temos pouco tempo para as eleições de 18 e o suficiente para o médio prazo. A questão é combinar as duas tarefas e ações a curto e longo prazos, ir acumulando forças e elevando o nível político e de organização, inclusive para resistir à repressão e às ações paramilitares já presentes na atuação da direita, mudando nosso modo de agir e de organização, adaptando-nos para a essa nova fase da luta política no país e tendo consciência que não podemos e não devemos subestimar a direita ou desconhecer as mudanças no seu modo de agir e atuar. Ter ciência do ódio que a move e sua decisão de não apenas nos derrotar, mas sim nos destruir como força política e social, como partido e consciência política, memória histórica e, principalmente, como legado e conquista de direitos sociais e políticos pelo povo trabalhador e resgate da dignidade e soberania nacional.

Há outras questões não menos importantes, como nossas relações com a esquerda, os movimentos, as outras candidaturas - seja de Ciro Gomes ou outras que venham a surgir. Nossa experiência nos ensina que devemos, a partir de definições objetivas e claras sobre o que queremos, estarmos abertos ao diálogo e principalmente ao trabalho comum na Frente Brasil Popular e mesmo na Frente Povo Sem Medo. Isso independe do cenário de 2018, de uma possível candidatura de Guilherme Boulos ou ainda da criação ou não de um novo partido de esquerda com ou sem setores do PT. Temos força e experiência suficientes, já sofremos derrotas suficientes para não nos iludirmos sobre nossas reais forças e possibilidades, mas também para termos consciência de nosso papel e força e de nossa capacidade de luta.

Há uma plataforma comum que nos une contra Temer e o Golpe, pela democracia e um programa mínimo não apenas contra as atuais reformas, mas a favor de mudanças estruturais no país. Há consenso de que não podemos governar o país e atender as demandas populares sem quebrar os ovos do sistema financeiro, do rentismo, da concentração de renda, riqueza e propriedade, da estrutura tributária e da atual organização política e institucional do país. Ou será que não é consenso, daí a resistência de determinados setores ao programa da FBP e as idas e vindas dentro do parlamento de nossas bancadas nas relações com setores da situação e mesmo com o governo Temer ou com o presidente da Câmara no debate sobre diretas e das indiretas?

Nossa resistência ao Golpe e às reformas de Temer prova que temos capacidade de luta e mobilização, mas também expõe nossas limitações e fraquezas e nos convoca a superá-las, mesmo diante do tempo curto. Logo estaremos em plena sucessão presidencial e nos Estados, com todas as consequências de uma disputa eleitoral, agravadas pelo risco de Lula ser impugnado como candidato e o Congresso Nacional aprovar uma reforma política contra nós.

Devemos ter consciência que nossa vitória depende do crescimento de um amplo movimento de oposição pluralista, com total liberdade de iniciativas mas com um centro e uma direção orgânica, para a luta e o combate, com um sentimento e um impulso de dialogar e debater, enfrentar a ofensiva ideológica, cultural e política da direita, ir além da denúncia - mais do que necessária - das ilegalidades e arbitrariedades do aparelho policial-judicial e apresentando nossas propostas de mudanças e resgatando nosso legado.

A certeza de nosso crescimento vem do fato que nunca antes nesse país um golpe como o que foi dado durou tão pouco tempo, sendo hoje repudiado por mais de 95% da população que exige eleições gerais e o fim das contra reformas. Essa é nossa maior vitória política. Mas atenção: não significa apoio a nós ou às nossas propostas a não ser que a conquistemos na luta e na disputa política e na ação política que é, na essência, a razão de ser de um partido ou de um movimento e foi e deve ser a única razão de ser do PT, que foi criado exatamente para que os trabalhadores deixassem de ser objetos da política para serem autores e atores das transformações sociais, econômicas, política e culturais a seu favor."


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quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Temer Extingue CNPq * Antonio Cabral Filho - RJ


TEMER EXTINGUE CNPq


*
 Jorge Maré: Infelizmente, aconteceu! É com muito pesar e em lamento profundo que repasso o email.
É o fim da Ciência, da educação pública e de qualidade no país.
Prezados conselheiros,
Hoje, durante a reunião do Comitê PIBIC, recebemos a confirmação de que TODAS as bolsas do CNPq serão suspensas a partir do próximo mês.
Diante de tamanho absurdo, o comitê produziu a nota que segue.
Peço a todos vocês que ajudem na divulgação.
Obrigada.
Saudações,
Leila
_______
O Comitê do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reunido em sessão de 2 de agosto de 2017, vem a público expressar indignação com as notícias veiculadas em relação aos cortes no orçamento do CNPq e à suspensão do pagamento de bolsas de estudo. O programa de bolsas de iniciação científica e tecnológica é uma iniciativa única no mundo na formação de alunos de graduação, preparando gerações de pesquisadores e contribuindo para a soberania nacional. Os estudantes beneficiários têm a oportunidade de obter treinamento avançado em laboratórios de pesquisa, preparo para carreiras inovadoras, e inserção na Pós-Graduação. Existente desde a fundação do CNPq, em 1951, o Programa de Iniciação Científica é um patrimônio da comunidade científica e de toda sociedade brasileira. Este Programa nunca sofreu descontinuidade mesmo em momentos mais graves de crise econômica e durante governos de diferentes matizes ideológicas.
Em um momento em que nos deparamos com cortes já concretizados na CAPES, FAPERJ e outros órgãos de fomento, estas notícias causam enorme preocupação em relação à continuidade do PIBIC, uma vez que o CNPq é responsável pela concessão de 50% das bolsas de Iniciação Científica (IC) e Iniciação Tecnológica (IT) na UFRJ.
Avaliamos que há um projeto político em curso, que se concretiza em um ataque e desmonte da Ciência e da universidade pública no Brasil, que acarretará prejuízos inestimáveis para toda a sociedade.
Repudiamos os cortes anunciados no orçamento do CNPq, compreendendo que estes inviabilizam a existência da própria agência e o futuro do país.
-- 
Leila Rodrigues da Silva
Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa - PR-2
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

via Adriana Facina

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Manifesto Contra a Justiça Política * Antonio Cabral Filho - RJ

 GRANDES NOMES DO MUNDO JURÍDICO ASSINAM MANIFESTO HISTÓRICO CONTRA A JUSTIÇA POLÍTICA 



O Cafezinho tem a honra de publicar, em primeira mão, um dos manifestos políticos mais importantes dos últimos tempos.

Sei que muitos manifestos tem sido publicados desde o impeachment, mas suspeito que nenhum tenha obtido nomes tão representativos como este.

Trata-se de uma denúncia duríssima contra o golpe (que vem assim grafado: golpe), contra a justiça política (que vem assim descrita: justiça política) e contra a retirada de direitos do trabalho.

Um trecho:

2. DENUNCIAMOS as diferentes forças reacionárias que atuaram para o êxito do golpe político parlamentar desferido no ano 2016, com destaque para o controle monolítico dos grandes meios de comunicação social e para a justiça política ainda em curso em diferentes órgãos mediante a utilização indevida da investigação criminal e do processo judicial para fins de perseguição política de um determinado grupo para outro alçar ao poder e cumprir uma agenda devastadora de conquistas dos segmentos explorados, oprimidos e excluídos no Brasil.

O documento já vem traduzido nas seis principais línguas ocidentais, demonstrando que o seu objetivo é furar o bloqueio da mídia brasileira, a qual, aliás, também vem denunciada no texto como protagonista do golpe e principal sustentadora da justiça política e da retirada de direitos do trabalho.

Entre os signatários, temos dois ministros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), instância máxima do judiciário, a única com poderes de punir e impor limites à atuação dos juízes: Carlos Eduardo Oliveira Dias e Gustavo Tadeu Alckmim.

O documento traz ainda a assinatura de:

duas ministras do Tribunal Supremo do Trabalho: Delaíde Miranda Arantes e Maria Helena Malmann.
uma juíza do trabalho do TRT 2 (SP) e presidenta do Conselho Executivo da Associação Juízes para a Democracia (AJD), Laura Rodrigues Benda.
Rogério Favreto, desembargador federal do TRF 4.
João Batista Damasceno, juiz de direito do TJRJ, professor da UERJ e membro da AJD;
Élder Ximenes Filho-Promotor de Justiça do MP-CE.
Ana Cristina Borba Alves – Juíza Estadual do TJSC, associada da AJD e presidenta do FONAJUV (Fórum Nacional da Justiça Juvenil).
Eméritos e Catedráticos Professores da USP Fábio Konder Comparato (Direito) e Maria Victoria de Mesquita Benevides(Sociologia);
Acadêmicos com estudos na área da atuação política do Poder Judiciário, como Andrei Koerner (Ciência Política/Unicamp), e Magda Biavaschi(Cesit/Unicamp);
Roberto Amaral, histórico personagem da esfera política, ex-presidente do PSB e cientista político;
Cézar Britto, ex-Presidente do Conselho Federal da OAB;
Luis Carlos Moro, ex-Presidente da ABRAT (Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas);
Grijalbo Fernandes Coutinho, desembargador do TRT 10;
juízes de carreira como Hugo Cavalcanti Melo Filho, José Nilton Ferreira Pandelot e Claudio José Montesso;
consagrados professores titulares de Direito Constitucional de importantes universidades brasileiras, como Marcelo Cattoni (UFMG), Menelick de Carvalho Netto (UnB), Marcelo Neves (UnB), Gilberto Bercovici (USP), Juliana Neuenschwander(UFRJ), Gisele Cittadino(PUC Rio), Willis Santiago Guerra Filho(UNIRIO), João dos Reis da Silva Junior( UFSCAR ) e Martonio Mont’Alverne Barreto Lima (UNIFOR) ;
renomados professores de Direito do Trabalho e de Filosofia, de renomadas instituições superiores, como Daniela Muradas Reis (UFMG), Jorge Luiz Souto Maior(USP), Aldacy Rachid Coutinho(UFPR), Wilson Ramos Filho(UFPR), Cristiano Paixão(UnB), Sayonara Grillo Coutinho(UFRJ), Rodrigo Carelli(UFRJ), Everaldo Gaspar Lopes de Andrade (UFPE) e Márcio Túlio Viana (PUC-MG);
atrizes e atores consagrados, como Bete Mendes, Dira Paes e Osmar Prado.

É importante considerar que o documento correu, até o momento, em redes fechadas, de maneira discreta, e que só agora ele se torna público, com um link aberto para que outros nomes possam se juntar. Quem quiser assinar, favor clicar no link abaixo. Qualquer cidadão ou cidadã brasileiro pode assinar.
https://goo.gl/LUBQJe

***

terça-feira, 18 de julho de 2017

Golpe Final * Wladimir Safatle - SP

Golpe Final
 - por Vladimir Safatle. 

 *É professor livre-docente do Departamento de filosofia da USP (Universidade de São Paulo)

Aqueles que, nas últimas décadas, acreditaram que o caminho do Brasil em direção a transformações sociais passava necessariamente pelo gradualismo deveriam meditar profundamente nesta semana de julho.

Não foram poucos os que louvaram as virtudes de um reformismo fraco porém seguro que vimos desde o início deste século, capaz de paulatinamente avançar em conquistas sociais e melhoria das condições de vida dos mais vulneráveis, enquanto evitava maiores conflitos políticos graças a estratégias conciliatórias.

"Há de se respeitar a correlação de forças", era o que se dizia. Para alguns, isso parecia sabedoria de quem lia "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, antes de reuniões com José Sarney e a lama do PMDB. Eu pediria, então, que meditássemos a respeito do resultado final de tal sabedoria.

Pois o verdadeiro resultado dessa estratégia está evidente hoje. Nunca o Brasil viu tamanha regressão social e convite à espoliação do mundo do trabalho.

O salto de modernização que nos propõem hoje tem requintes de sadismo. Ou, que nome daríamos para a permissão de mulheres gestantes trabalharem em ambientes insalubres e de que trabalhadores "tenham o direito" de negociar seu horário de almoço?

Tudo isso foi feito ignorando solenemente o desejo explícito da ampla maioria da população. Ignorância impulsionada pelo papel nefasto que tiveram setores majoritários da imprensa ao dar visões completamente monolíticas e unilaterais das discussões envolvendo tal debate.

Mas isso podia ser feito porque não há mais atores políticos capazes de encarnar a insatisfação e a revolta. Hoje, o governo pode atirar contra a população nas ruas em dias de manifestação e sair impune porque não há ator político para incorporar rupturas efetivas. Eles se esgotaram nos escaninhos de tal modelo de gestão social brasileiro.

A reforma trabalhista apenas demonstra que o gradualismo pariu um monstro. Os mesmos que votaram para mandar a classe trabalhadora aos porões de fábricas inglesas do século 19 estavam lá nas últimas coalizões dos governos brasileiros, sendo ministros e negociadores parlamentares.

Ou seja, a política conciliatória os alimentou e os preservou, até que eles se sentissem fortes o suficiente para assumirem a cena principal do poder. "Mas era necessário preservar a governabilidade", era o que diziam. Sim, este é o verdadeiro resultado da "governabilidade" do ingovernável, da adaptação ao pior.

Como se fosse apenas um acaso, no dia seguinte à aprovação da reforma trabalhista o Brasil viu o artífice deste reformismo conciliatório, Luiz Inácio Lula da Silva, ser condenado a nove anos de prisão por corrupção. Esse era um roteiro já escrito de véspera.

De toda forma, há de se admirar mais um resultado desta política conciliatória –a adaptação ao modelo de corrupção funcional do sistema brasileiro e, consequentemente, a fragilização completa de figuras um dia associadas, por setores majoritários da população, a alguma forma de esperança de modernização social.

O Brasil agora se digladia entre os que se indignam com tal sentença e os que a aplaudem com lágrimas de emoção. Engraçado é ver outros políticos que também mereciam condenação pregarem agora moralidade.

No entanto, o problema é que só existirá essa sentença, nada mais. Este é o capítulo final. Da mesma forma que o capítulo final do julgamento do mensalão foi a prisão de José Dirceu. Perguntem o que aconteceu com o idealizador do mensalão, o ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo.

Ou perguntem sobre o que acontecerá a outro presidente do mesmo partido, aquele senhor que foi pego em gravação telefônica dizendo que deveria procurar um interceptador para propina que pudesse ser assassinado.

Ou o ex-presidente FHC, citado nos mesmos escândalos que agora condenam Lula. Muitos reclamam da parcialidade da Justiça brasileira: há algo de comédia nessa reclamação.

Que esta semana seja um sinal claro de que uma forma de fazer política no Brasil se esgotou, seus fracassos são evidentes, suas fraquezas também. Continuar no mesmo lugar é apenas uma forma autoinduzida de suicídio.


segunda-feira, 17 de julho de 2017

Condenar Sem Provas É Crime * Alex Solnik - SP

Eleição Sem Lula É Fraude
Fora golpistas,
Lula presidente
!!!
 "Sócrates  foi  condenado  e assassinado,  mas  a  história condenou  quem  o  assassinou,  seu algoz  e  vilão,  e  não  a  ele,  porque a  sua  causa  era  justa. E  o  nome  do  seu  algoz  foi apagado  da  memória  do  mundo, enquanto  o  seu  atravessou séculos  e  permanece  vivo, iluminando  o  pensamento universal. Tiradentes  foi  condenado,  mas  a história  condenou  quem  o condenou  e  não  a  ele,  porque  a sua  causa  era  justa  e  os  que  o condenaram  eram  os  vilões  e algozes. Anúncio E  seus  nomes  foram  apagados  dos  livros  de  história  do  Brasil,  enquanto  ele continua  sendo  sinônimo  de  independência,  generosidade  e  bravura. Garcia  Lorca  foi  condenado  e  fuzilado  pelos  franquistas,  mas  quem  o condenou  jaz  na  vala  comum  dos  infames,  enquanto  suas  palavras  inspiram os  sentimentos  mais  nobres  através  dos  tempos. Nelson  Mandela  foi  condenado  e  preso,  mas  a  história  condenou  quem  o prendeu,  quem  o  humilhou,  quem  o  insultou. Ele  é  um  símbolo  imorredouro,  um  patrimônio  universal. E  o  nome  de  quem  o  prendeu  ninguém  conhece. Lula  foi  condenado,  mas  a  história  vai  condenar  quem  o  condenou,  não  a ele. Porque  foi  condenado  sem  provas.  E  as  suas  causas  sempre  foram  justas. Ele  tem  um  pouco  de  Sócrates,  um  pouco  de  Tiradentes,  de  Garcia  Lora,  um pouco  de  Mandela  e  será  para  sempre  sinônimo  de  presidente  que  promoveu e  estimulou  a  diminuição  do  desequilíbrio  social  que  vigora  no  país  desde sempre. E  o  nome  de  quem  o  condenou  será  apagado  dos  livros  de  história. Daqui  a  50  anos  ninguém  vai  acreditar  que  o  melhor  presidente  do  Brasil desde  a  redemocratização  e  líder  das  pesquisas  da  próxima  eleição presidencial  recebeu  sentença  de  9  anos  de  cadeia  porque  teria  recebido  um apartamento  em  troca  de  uma  suposta  operação  ilícita  com  a  Petrobrás, com  base  em  suposições  e  delações  inconclusas  e  nenhuma  prova  material, nenhum  documento,  nenhuma  escritura,  nenhuma  gravação  secreta, nenhuma  conta  no  exterior. Mas  todos  vão  acreditar  que  quem  o  condenou  é  que  deveria  ser  condenado. E  será. A  História  o  condenará." 

ALEX  SOLNIK Alex  Solnik  é  jornalista.  Já  atuou  em  publicações  como  Jornal  da  Tarde,  Istoé, Senhor,  Careta,  Interview  e  Manchete.  É  autor  de  treze  livros,  dentre  os quais  "Porque  não  deu  certo",  "O  Cofre  do  Adhemar",  "A  guerra  do  apagão"  e "O  domador  de  sonhos". 

Postado por Cláudio, um dos órfãos do Bento Ribeiro (o colégio)