domingo, 12 de abril de 2020

Amor en Tiempos de Cólera * Gabriel García Marques - Colombia


Amor en Tiempos de Cólera
Gabriel García Marques


-Capitán, el niño está preocupado y muy incómodo debido a la cuarentena que el puerto nos impuso.
- ¿Qué te preocupa, muchacho? ¿No tienes suficiente comida? ¿No duermes lo suficiente?
- No es eso, Capitán. No puedo soportar no poder desembarcar y abrazar a mi familia.
- Y si te dejan salir del barco y se contaminan, ¿cargarías con la culpa de infectar a alguien que no puede soportar la enfermedad?
- Nunca me lo perdonaría, pero para mí inventaron esta plaga.
- Puede ser, pero ¿y si no fue inventado? -Entiendo lo que quiere decir, pero me siento privado de mi libertad, Capitán, me privaron de algo.
- Y tu te privas aún más de algo.
-¿Está jugando conmigo?
- De alguna forma.
Si te privas de algo sin responder adecuadamente, habrás perdido.
-"¿Entonces quieres decir, como dices, que si me quitan algo, para ganar debo privarme de otra cosa ?
- Exactamente, yo hice cuarentena hace 7 años atrás
- ¿Y de qué te tuviste que privar?
- Tuve que esperar más de 20 días en el barco.
Habia meses en que ansiaba llegar al puerto y disfrutar de la primavera en tierra.
Hubo una epidemia.
En Porto Abril ,se nos prohibió bajar.
Los primeros días fueron duros.
Me sentí como tu . Pronto comencé a enfrentar esas imposiciones usando la lógica. Sabía que después de 21 días de este comportamiento se crea un hábito, y en lugar de quejarme y crear hábitos desastrosos, comencé a comportarme de manera diferente a los demás.
Empecé con la comida. Me propuse comer la mitad de lo habitual. Luego comencé a seleccionar los alimentos más digeribles, para no sobrecargar el cuerpo. Comencé a nutrirme con alimentos que, por tradición histórica, habían mantenido al hombre sano.
El siguiente paso fue agregar a esto una purificación de pensamientos no saludables y tener pensamientos cada vez más elevados y nobles.
Me propuse leer al menos una página cada día de una discusión que no conocía.
Me puse a hacer ejercicios en el puente del barco.
Un viejo hindú me había dicho hace años que el cuerpo mejoraba al retener la respiración. Me puse a respirar profundamente cada mañana. Creo que mis pulmones nunca habían alcanzado tal capacidad y fuerza.
La tarde fue la hora de la oración, el momento de agradecer a una entidad por no haberme dado, como destino, privaciones graves durante toda mi vida.
El hindú también me había aconsejado que tuviera la costumbre de imaginar que la luz entraba en mí y me hacía más fuerte. También podría funcionar para los seres queridos que estaban lejos,
por lo que también integré esta práctica en mi rutina diaria en el barco.
En lugar de pensar en todo lo que no podía hacer, estaba pensando en lo que haría una vez que llegara a tierra firme. Visualizando las escenas de cada día, las vivia intensamente y disfrutaba de la espera.
Todo lo que podemos obtener en seguida, rápido, no es interesante. Esperar sirve para sublimar el deseo y hacerlo más poderoso.
Me privé de comidas ricas, botellas de ron y otras delicias. Me habían privado de jugar a las cartas, de dormir mucho, de practicar el ocio, de pensar solamente en lo que me estaban privando.
- ¿Cómo terminó, Capitán?
- Adquirí todos esos nuevos hábitos. Me dejaron bajar del bote mucho más tarde de lo esperado.
-¿Te privó de la primavera, entonces?
- Sí, ese año me privaron de la primavera y muchas otras cosas, *pero aún así florecí, llevé la primavera dentro de mí y nadie me la puede quitar.*
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sexta-feira, 10 de abril de 2020

A Guerra Fria e a participação dos EUA * Eric Robsbawm - Inglaterra


A Guerra Fria e a participação dos EUA
 
Pode-se

considerar como início da Guerra Fria, o período logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, onde os exércitos soviéticos e ocidentais se encontravam ocupando territórios na Europa arrasada e era preciso uma retirada. Assim, se demarcou como área de influência de cada parte, a linha de ocupação das tropas ao fim da guerra. Os Estados Unidos assumem o papel predominante do lado ocidental, na defesa do sistema capitalista e democracia liberal como ideologia em sua esfera, ao passo que a URSS assumem seu lugar como potência na defesa da ideologia socialista soviética para a sua.
Após essa difícil, o mundo viveu um período de relativa estabilidade, com ambas as superpotências evitando conflitos entre sí. Este período se estendeu até os anos 1970, baseando-se no receio de ambas as partes, de  um conflito nuclear quer seria devastador para todo o mundo. Esta constante ameaça, esse clima de iminente conflito a qualquer momento, deixava receosas todas as populações mundiais, que temiam sofrer por tabela, com as bombas atômicas que cortariam os céus.
Se observa nos Estados Unidos, uma grande preocupação não apenas em se evitar uma recessão interna, mas em manter os europeus ocidentais longe do poderio soviético, a fim de preservar mercados, corações e mentes naquele continente. Enquanto os americanos se usava da “política de contenção”, visando se proteger de uma hegemonia da URSS no futuro, os soviéticos se preocupavam com a hegemonia presente dos EUA. Devastada pela guerra, a União Soviética se encontrava na posição defensiva e muitas vezes dependente de concessões da potência rival. A retórica de um adversário implacável visando invadir e destruir o modo de vida dos americanos era muito importante para seus líderes, que precisavam continuamente de votos para permanecer no poder. Essa eterna preparação para guerra propiciou também a criação de “complexos industrial-militar tanto nos Estados Unidos quanto na União Soviética, garantindo crescimento econômico, empregabilidade, comércio exterior de armas e fornecimento de matéria-prima por parte de aliados mais empobrecidos.
A partir dos anos 1970, os EUA enfrentam um período econômico difícil, devido a crises como a do petróleo, ao mesmo tempo em que observam o relativo crescimento da URSS e revoltas populares no terceiro mundo, que se alinhavam a potência rival. A Guerra Fria toma então uma nova configuração, onde os americanos adotam uma postura belicista, gerando uma corrida armamentista e um retórica dura contra os soviéticos, que responderam da mesma forma. Essa etapa se estendeu até que o líder Soviético no poder, Mickail Gorbachev, aceitou acordos para barrar a corrida armamentista e o ocidente confiou na veracidade dos fatos. A URSS, estava esgotada pela produção militar e precisava de recursos para tentar solucionar crises de bem estar dentro de seu território. Para os americanos, foi uma vitória, que se cristalizaria com o desmembramento da União Soviética, levada a cabo por seus líderes burocratas e o fim dos países de partido único no leste europeu.
Os Estados Unidos, com extensa propaganda a fim de convencer seus cidadãos de que havia se alcançando a destruição do inimigo, aproveitou o fim do modelo de uma estado que garantisse bem estar social para impor a suas populações medidas neoliberais, pregando o estado mínimo e a redução das contas públicas ao custo da eliminação de direitos sociais. O mesmo foi seguido pelos britânicos e por relutantes europeus, embora esses tenham mantido várias características dos estados sociais como uma marca a diferenciar seu capitalismo do capitalismo liberal americano e britânico, até mesmo por que suas populações não aceitariam a súbita retirada de direitos e geraria uma grande convulsão social.
Sem a propaganda do poderoso inimigo do leste, as elites políticas dos EUA se dedicaram a propagandear e impor o modelo neoliberal pelo mundo, até que surgiu um novo inimigo para combater e mobilizar a opinião pública: o terrorismo. Esse inimigo que vive nas sombras possui a vantagem de poder ser qualquer um, basta que os governantes americanos o classifiquem como tal.
Referências:
HOBSBAWM, E., A era dos extremos. 2 edição. São
Paulo: companhia das letras, 1995. Pág. 223-252.
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